domingo, 21 de dezembro de 2008

Biografia entre mim e Machado.

"A escola era na rua do costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio - dexei-me estar alguns instantes na rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diego e o campo de Sant'Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que era melhor a escola. E guiei-me para a escola. Aqui vai a razão." (Machado de Assis)
De chinelas arrastando, segui o rumo da estrada de barro. Nem cuidava em deixar os pés limpos, queria mesmo era sentir o que a tal infância me permitia: a inocência. Sabia dos perigos do tempo; já havia visitado a capital.
Chutava de pedra em pedra, provavelmente. Concorria comigo um jogo próprio - ainda era possível, infelizmente, chegar fora do horário. E, aqui, faço uma breve pausa para mostrar como as decisões do cérebro são frágeis às do coração. Nos quatorze anos todos deveriam se permitir à vida. Ainda mais se soubessem por quais trincheiras iriam.
Pena que as vizinhanças conheciam mamãe. No lugarejo a maioria se via como família - parente valente, parente serpente... era independente.
Por cada casa, um cumprimento. A cada cumprimento, mais perto das grades de pau.
Hoje sei: ter me feito um tolo teria me custado as palavras que aprendí a escrever, mas que infinitas vezes me faltou tempo para dizer.



Redação Vestibular CEFET/SC - unidade Florianópolis.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Entre-linhas leva tempo.

o tempo que passa. uma estrutura com base e teto.
o tempo que passa. uma estrutura com base.
o tempo que passa. uma estrutura.
o tempo que passa. um.
o tempo que passa leva o concreto.

ô tempo que passa, leva.
leva, tempo.
leva.
só não brinca de super-herói pelo pátio, não finge que sabe voar. Acabas aprendendo.