segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Biografia apagada.

Hoje eu faxinei a casa.
Troquei os lençóis, as fronhas. Mudei o colchão de lado.
Limpei o banheiro, troquei o desodorante do sanitário, lavei a pia, o chão.
Daí varri o chão do quarto. Passei pano húmido com tudo que pode desbacterizar o lugar a curto e longo prazo.
Arrumei o armário de roupas e a despensa da comida.
Concertei o que estava quebrado. Joguei fora o que estava inutilizado. Rearrumei o que estava desconcertado.
Então fui cozinhar o almoço;
depois lavei a louça.
Pus tudo, tudinho, no lugar. Minha casa, depois de tanto, está arrumada. Antes eu tava até desconcertado, tamanha a bagunça.
Agora ta tudo, na casa, arrumado. Talvez agora eu possa começar a pensar em fazer da rua um acaso. Quem sabe eu até possa rearrumar a bagunça da vizinhança, sem me preocupar em estar do mesmo lado.
Minha casa está, enfim, arrumada. Quem sabe, finalmente, minha grama fique como que milagrosamente mais verde que a grama do lado.
Ainda mantenho um cartinho da bagunça, para de vez em quando brincar de ser confuso e relaxado. Mas o quarto é pequeno e muito pouco usado. Deixei assim mesmo, dá um charme, um jingado.
Mas a casa, prometo, está em pé e saudável.

Com amor,
Rei.

Obs. Desculpe essa última carta, foi impensado. Quando eu voltar, vou correndo te avisar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sambiografia do medroso.

Preciso tanto te falar:
daqui a pouco o sol vai se levantar.
Preciso ir, me refugiar!

Não é certo, não é errado.
Só sei que preciso ir.
Não sei o quanto eu devo correr
para não deixar ninguém me alcançar.

Ninguém pode me alcançar,
não podem me fazer falar.
Só vou me calar,
e despistar toda a verdade que eu puder enxergar.

O dia vai raiar,
preciso tanto te falar que eu preciso ir.
Mas você não está aqui,
está lá:
do lado de lá.


Preciso tanto lhe falar,
mas contigo não posso estar.

Se esta mensagem você ler,
entenda-me!
Tive de ir,
para ninguém me encontrar.
Tive de fugir,
para ninguém me fazer falar.
Não posso falar ao mundo,
ainda,
o quanto amo você;
o quanto com você eu quero estar.


Ato II

Depois,
quando te encontrar,
não saberei o que fazer,
não saberei do que me desculpar.
Depois,
quando te olhar,
não saberei para aonde olhar,
nem saberei se em teus olhos eu vou ainda estar.
Depois,
quando te ouvir falar,
não saberei se a tua fala vai me agradar,
tampouco saberei se irás ter fala para algo contar.
Depois,
quando te encontrar,
não saberei se de novo vou fugir,
ou se só voltar, significa querer tentar.

Ato III

Mas sei que,
agora,
preciso tanto te falar:
preciso ir, me refugiar de ti.
Continue onde está,
sinta que este é seu lugar.
Enquanto isso:
eu vou estar por tudo o que lembrar.