terça-feira, 29 de março de 2011
Do desmedir
Biografia de mais uma noite Canastra
segunda-feira, 28 de março de 2011
Dos Fantasmas
quinta-feira, 24 de março de 2011
Do colo da vida.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Mais uma carta para Maestro
terça-feira, 22 de março de 2011
Mais uma carta Canastra
segunda-feira, 21 de março de 2011
Biografia novamente Canastra
domingo, 20 de março de 2011
Sombrancelhas
sexta-feira, 18 de março de 2011
Mas não é bem assim
Destes tais discursos
domingo, 13 de março de 2011
Nada não, melhor:
sexta-feira, 4 de março de 2011
Da janela da sala
Não,
o que vejo pela janela não é chuva;
são as flores caindo,
é o verão se despindo em inverno.
É a alegria dizendo: e lá se foi mais uma estação. É a alegria dizendo:
- Te lembras? Ainda tens tempo nas mãos.
É a pétala deslizando,
é a tristeza.
É Vênus de Milo e Marte sorrindo,
é a ironia do destino.
Não,
o que vejo não é o que vejo.
É o que o mundo se tornou,
é o vento da noite transformando-se em manhã,
é o amanhã que nunca mais verei como ontem,
é o velho,
é o eterno,
é o sem nome para o que chamam de amor
que em sí possui um nome dito por tantos
mas não dito mais por mim por rancor.
Não,
é certo que já não sei mais o que vejo.
Chame como quiser,
pois chamo eu como quero.
Não,
é certo que já não sei mais se quero.
Pois sim, me rendo
ao tear das três irmãs.
Da ausência.
Há uma certa saudade
em matar a saudade.
Pois minha loucura tem pé,
cabeça,
mãos
e olhos gentis.
Tem nome.
Tem saudades,
e me mantém vivo durante a noite.
Há uma certa ausência nesta ausência de mim para mim mesmo.
Quem sabe seja de mim, também,
ainda que esta não seja a ausência maior.
Eu me sinto falta,
mas que falta fazes, ainda.
Ainda há a ausência.
Des-depois, parte I
O caótico disto tudo é que ando fazendo isto tudo por um motivo. As coisas que faço, as coisas que digo, as coisas que me tornei; o tal que me despi. Quero aparecer nas capas de revistas, jornais; na televisão em entrevistas; por todos os meios para mandar um recado para você. Nas exposições terá você, no livro terá como agradecimentos, você. Vou dizer:
“A você,
para te dizer sobre a saudade,
para te contar sobre desde então,
desde que esta tal saudade apareceu;
é isto que tenho feito, ininterruptamente, para lhe dizer
o que tenho feito
do que tenho andado
sobre o que tenho pensado
de quanto me arrependo.
Este livro é para você.”
Vou dizer isto, com seu nome no topo. Nome e sobrenome, e apelido, e endereço, e ocasião.
É frustrante, eu sei. Me frustra saber disso, que ando fazendo tudo isso para o clímax ser chamar a tua atenção, ouvir teu esbravejar. Mas tive azar; nesta vida fomos postos deste lado – um oposto ao outro. Nas anteriores como pode ter sido? Alguma delas deve ter sido extremamente feliz, para tornar-se este carma. Até me pego pensando que esta é a última que nos encontraremos: depois disso é o infinito. Tomei como ultima prova imposta, afinal: não há nada maior que o amor, se não o desamor, e encontramos exatamente as duas munidas de cada uma, um.
Nunca antes escrevi tantas incertezas, tantos “talvezes”, tantos “issos, distos” - pois não, não sei chamar do que chamam, por medo, vergonha talvez. Talvez. Talvez vergonha disto.
Viu? Incertezas.
Certezas? Combustível. Tem se tornado combustível.
II
Sou obrigado a reler tudo em voz alta, junto de meus venenos em mãos, só para ter certeza de que disse isso algum dia.
...Ao menos mais uma certeza.
terça-feira, 1 de março de 2011
Des-bEla, parte I
Será que vou sentir sua falta, como você provavelmente vai sentir falta minha? Talvez.
Me lembro de nós dois uma vez no parque, nós deitados na grama seca, como personagens de alguma trama feliz. Eu acariciando seus pêlos dos braços e de sua barba mal feita, tentando chamar sua atenção enquanto tinhas um olho em meus olhos e outro nas bundas bontas que passavam.
Sabia da tua necessidade de ser de todos; a entendia; mas naquela tarde, ao menos naquela tarde, te queria inteiro pra mim. Nunca conversamos sobre isso. Deveríamos ter conversado sobre isso?
Talvez.
Assim como eu gostaria de ter te dito coisas naquela vez, a primeira vez em que dormimos juntos em seu antigo apartamento. Não eramos um casal, eramos apenas bons conhecidos, quem sabe amigos; nem lembro o que nos dizíamos enquanto deixavas teu celular tocando músicas que gostavas, e que eu gostava também. Naquela época eu sabia que tinhas uma no teu coração, que não eu; Enquanto eu já estava descobrindo que estavas entrando arrebatadoramente no meu. Mas eu também tinha outro, mas que não sabia nada mais que entrar em minha boca, ou em minha vagina.
Nos conhecíamos há meses, tínhamo-nos confissões feitas. Lembras quando nos beijamos pela primeira vez?
Talvez.
Eu lembro.
Foi em um sonho lindo.
Você estava sentado em um sofá bege de três lugares, com uma porta de quatro águas de vidro de correr que dava em uma minúscula sacada, com um visual de prédios da Grande-Cidade-Grande, e movimentada.
As cortinas dançavam envergonhadas enquanto a luz de um sol de 10 da manhã esquentava o piso cerâmico, e seu rosto. Estavas com olhos gentis, como de quando me olhavas antes. Estávamos envergonhados, parece que tínhamos brigado alguma briga de vida inteira.
Andei até perto de você com cautela, pois por algum motivo aquilo tudo parecia ter sido minha culpa; me sentia com culpa. Me sentei ao seu lado, me olhaste e me disseste com a mesma gentileza dos seus olhos:
- Tudo bem.
E me beijou.
Talvez tenha sido isso. Talvez minhas espectativas estivessem muito além em relação a nós dois. E digo “a nós dois” pois, apesar de tudo que me dizia e reclamavam ao seu respeito, era você quem eu precisava ver ao final de nossos dias que conhecias tão bem.
Sempre me ajudaste a carregar meus pesos. Garoto,
será que vou sentir falta de você como não acho que vou sentir?
Agora já não importa. As malas estão feitas, as passagens estão compradas e nosso adeus está sendo dado. Obrigado pelo adeus, ao menos; foi uma bela tarde, está sendo uma bela noite e o dia está raiando.