sexta-feira, 4 de março de 2011

Da janela da sala

Não,
o que vejo pela janela não é chuva;
são as flores caindo,
é o verão se despindo em inverno.
É a alegria dizendo: e lá se foi mais uma estação. É a alegria dizendo:
- Te lembras? Ainda tens tempo nas mãos.
É a pétala deslizando,
é a tristeza.
É Vênus de Milo e Marte sorrindo,
é a ironia do destino.


Não,
o que vejo não é o que vejo.
É o que o mundo se tornou,
é o vento da noite transformando-se em manhã,
é o amanhã que nunca mais verei como ontem,
é o velho,
é o eterno,
é o sem nome para o que chamam de amor
que em sí possui um nome dito por tantos
mas não dito mais por mim por rancor.

Não,
é certo que já não sei mais o que vejo.
Chame como quiser,
pois chamo eu como quero.

Não,
é certo que já não sei mais se quero.
Pois sim, me rendo
ao tear das três irmãs.

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