segunda-feira, 7 de julho de 2008

Biografia do dedão.

Em meio ao nevoeiro de ar e vento preto da grande Grande Cidade-de-sempre, o mestre da falta de nervos, Maestro, correu pela irritante e estressante via única de uma mão. E que subia, para piorar.
Não tinha trânsito, não tinha quase ninguém. A chuva passara a muito, o verão chegara, a alegria permeava as outras cidades de praia. E ele lá.
Rei e Canastra, ambos estavam por lá também. Mas o cérebro de Maestro fervia pelas mesmas ruas, de sempre mesmos nomes, de pessoas de mesmos sempre nomes com carros sempre das mesmas cores e prédios sempre, sempre cinzas - que pareciam mais espinhos em uma terra cheia de dores.
Dividia um ap. com Canastra na esquina oposta à esquina de Rei, e nem eu sabia direito onde ficava. Nem os dois depois das noitadas, que sempre acabavam no prédio do amigo. Mas Maestro estava lúcido, e sentia seu dedão formigar tanto quanto suas idéias e sonhos juvenis. Após anos e anos em cárcere privado, e privado de sua vida que ninguém o privara, zuniu pelas escadas até seu quarto andar, de um total de sete.
O dedão coçava, e a lucidez mais certa após tocar no armário, e o abrir e por na sua mochila quase toda sua pouca vida.
Passou a mão na vida e colocou-a nas costas. Vinte e cinco anos, e ainda estava leve.
A sua chave deixou na caixinha de surpresas e de contas para pagar. Deixou, também, um pedido de desculpas para o colega de quarto e um pedido de qualquer coisa que lhe conveio na hora para o colega segundo.

Ao terminar de sonhar, caiu tanto na realidade quanto em uma estrada de saída da cidade Grande, grande ex-cidade de sempre. Levantou a cabeça, o braço e então a mão.
Na mão: levantou Isto, o dedão da mesma mão, e partiu então.

Um comentário:

Don disse...

muito legal o jogo de palavras e tal, parabéns (: