- Acabou. Não consigo mais, acabou... não posso mais aguentar o teu olhar desatento, tua falta de "eu tento" quando tudo o que faz é desistir, ir escondido entre as multidões, de coração na mão. Não consigo, não quero mais!
Entende?
Não quero... cansei do teu cansaço. Da tua falta de espaço para mim, da tua falta de tempo para mim, da tua falta de mim para ti.
Estou escorado: é por não poder mais carregar teu peso.
Chega! Cansei do peso. Cansei do anseio, anseio que sonha em sonhar acordado - por mal lembrar do sono, por não ter sono na hora do sonho.Não consigo mais desaparecer com teus medos. Já fiz de tudo, já perguntei para o mundo!
Não há respostas, somente respostas vazias. Não há vingança sem atos contrários, pois tudo o que não suporto é a tua falta de feitos!
Enjoei do teu corpo. Tenho nojo do teu cheiro, agora. Levo tudo teu, levo tudo meu. Não te deixo nada, não tens o Direito a nada! Não queres nada, não quero nada teu. Não quero mais nada teu.
Não suporto mais. Nem respirar consigo mais.
Era o vapor. Estava deixando o corpo quente, com a cabeça quente. A face de ambos encostava-se, nariz a nariz, testa a testa. Os cabelos molhados apoiados, longos cabelos molhados, ao livre ar quente imóvel, preso no vapor-banheiro. A mão direita encostava-se palm’a palma, dedo a dedo. A dor tomava conta de sua expressão, de seu corpo-coração.
A mão esquerda começaria a doer da dor dos estilhaços, antes seu par. Agora, estilhaços ao chão. Seus pés doeriam, agora.
Com passos doloridos, sangrou o chão. Pintou o chão com a cor de seu vão. O Mundo era aquele Ser Humano, aqueles seus traços.
A sua sujeira.
A sujeira sujava o chão.
Misturado ao chão antes molhado, ao suor dos pés antes intactos, das pequenas gotas lacrimais, às sujeiras que antes já estavam no chão infinitamente limpo - infinitamente sujo, infinitas vezes – misturava-se o finito:
Aquele Ser Humano.
O Ser Humano estava perdendo seu tempo, sua história, sua memória. A consciência estava desaparecendo.
Barulhos, gritos, socos na porta. Todos estes chamando pelo Ser Humano, mas o Ser Humano trancara a porta.
Havia deixado-os de fora
do festerê, longe da sujeira.
O festerê, a lameira, a bagunça, o caos, a desordem, os quebrados, os inteiros, poucos intactos – todos assistiriam.
Sujou!A porta arrombou, logo: todos viram.Todos viram. Perceberam: o Ser Humano é mais frágil que o invisível. Que o espelho. Que o líquido sólido:
vidro.
Um comentário:
"Guarda os pulsos pro final" ?
A interrogação é clara: A compreensão é complexa ._.
Postar um comentário