segunda-feira, 16 de junho de 2008

A Biografia nossa de todo dia.

Que nem todo dia seja santo.
Tampouco porra-louca, mas nem tão pouco ocioso, ansioso, parapsicohistericalogisticamente assim:
levanta, banha, lava, come, trabalha, lava, volta, vai, senta, levanta, senta, levanta, lava, volta, retorce, distorce, retrocede, despede, excede, esquece, tristesse, quermesse, isquisitésse, malabarismos cotidianos de todos.
Nem Reis nem Joãos salvam-se.

João, ninguém mais pacato, existe.
João, ninguém tão recato persiste:
erro é acertar o acerto dos outros!
O pulo do gato; a água do poço limpo, suja;
João, ninguém, mas ninguém tão pouco. Tão quieto. Tão...
é, quieto.
Tão...
tão......
quieto.
Apaixonou-se, calou-se. Irritou-se, calou-se. Amou-se, calou-se...
Se, ele dizia sempre. "Se um dia...".

- Se um dia eu ganhar na Mega-Sena... ah! Nem sei... - ria-se.
- ... - respondia-lhe seu quarto azul claro, de cama branca e armários cor-madeira. Ainda tinha seus brinquedos de quando criança espalhados pelas prateleiras. Sua televisão: adesivos. Suas paredes: azuis com pôsteres que deixavam-no feliz, e ao seu pai contente. E ao seu tio, seu avô, e assim por diante.

Gostava de pensar na vida. De como ela iria ser daqui pra frente, a cada novo segundo.
- Daqui pra frente vou começar a estudar menos, passo muito tempo assim.
- ... - respondia-lhe seu quarto.
- É verdade, não duvide de mim não. - em seguida abriu as cortinas de sua janela, levantou os vidros, prendeu-nos em correntes e esperou o vento bater no seu rosto, mecher em seus cabelos, para então respirar e passear por seus pulmões como uma vida nova, um momento novo, um segundo novo.
Para, também, parar de suar diante de tanto mormasso que o dia azul e extremamente quente lhe propunha. Extremamente quente, e sem um vento sequer.
Esperou pela briza por aproximadamente quinze minutos, apreciando a paisagem e torrando seu rosto diante da força do Sol. A estrela máxima.

O ego do sol era tão poderoso que fora capaz de dar vida em troca de não lhe encomodarem com olhares curiosos. Mas não com João. João, ninguém mais, conseguia olhar para o Sol como se fosse uma Lua qualquer. Sua visão acabara ficando extremamente estragada por tal atitude; seus óculos de garrafa eram seu orgulho:
ele encarara o Sol dia atrás de dia. Aquele era sua marca, sua pena, mas também sua vitória.
Sua glória.

2 comentários:

Bobbie Ladyamnesia disse...

se eu fosse o joão, ia era prestar atenção à vida que o sol dá. porque mais atenção que o criador merece a criatura... abre a boca, joão, que não tem água, chá ou coca-cola que desentale palavra da garganta!

XXXOOO

ps.: como gosto deste blog!

Unknown disse...

Em troca da vida à criatura, há a impossibilidade eterna de se aproximar de seu criador....

E no fim os que criam sempre alcançam primeiro o esquecimento

É de se pensar, em termos de família... mas evitar o assunto é automático ._.

Melhor que uma série de leitores anônimos, são admiradores verdadeiros (vide post acima ^^)

Mas há coisas que não escapam ao anonimato

Estranho que eu vou escrevendo, mas quando eu leio soa tudo meio desconexo.....

Eu deveria separar por tópicos e subtópicos ^^

o/