sexta-feira, 29 de abril de 2011

Biografia do círculo

Há um perigo muito grande em ficar muito próximo de si mesmo:
o de não conseguir se ver.
É como chegar muito perto de um espelho, onde quão mais nítido enxergo uma marca, menos percebo meu rosto. Ou melhor: tentar abraçar alguém sem que a perca de vista, tão impossível quanto.
Por isso por vezes me dou distância, para perceber meu corpo e meu real tamanho; aí que me perco e me esqueço de mim; aí que me aproximo de mim. Aí, então, que novamente e gradualmente me reencontro, e me aproximo, e novamente me perco de vista.
Acabo por ciclicamente me entender e me perder, ao invés de entrar eternamente na desventura do desentendimento ou no marasmo da sabedoria míope.
Acabo por ser um romance de aventura para mim mesmo

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