terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Calo.


É estranho pensar o quão dormir torna-se difícil a medida que o tempo passa. Não são, com o tempo, apenas as consequências; são, com o passar de um terrível processo de maturidade, as causas. Ou talvez um desespero por perceber quão finitos somos. Ou talvez uma sede por mais toques palpáveis do que toques reais de sonhos. Ou talvez...
ou...
talvez,
penso agora,
os tais talvezes. As ansiedades de fazer corações já acelerados acelerarem ainda mais em busca de algum cumprimento de dever ainda nem descoberto pela ânsia de querer descobrir-se embaixo das cobertas das noites frias de verões mal resolvidos por pensamentos mal resolvidos por palavras mal resolvidas por situações mal resolvidas por uma célebre falta de paciência em querer resolver tudo com paciência.
Ou talvez eu saiba menos que sei, e aí me diriam:
- Isto é coisa da idade, passa com o tempo!
Me fazendo perceber que pouco entendem o que digo, ou que não faço-me entender bem com minhas palavras, ou que ainda que falando a mesma língua, a culpa está desculpada por não ser culpa de ninguém esta falta de entendimento entre o que ouve e o que fala.
Sei que tenho sede; muita sede. Aí a afogo entre conversas levianas, saudáveis, claro, entre copos de levedura d'aquilo que todos sabemos o quê. Afogo minha sede, não a dou chance de ser sede; não me dou chance de estar sedento dentro das circunstâncias da ansiedade esta que me cala antes mesmo de começar a falar o que nem sei direito o que quero dizer. Aí desabafo palavras que não releio por medo de perceber que nada disto faz sentido.
Aí me calo novamente,
me entrego ao silêncio que dizem muitos ser oportuno não perder, em cotidiano que perder tornou-me cínico à vitória.
Aí me calo sem nem ao menos ter começado a dizer o que realmente vim dizer, por ter sido ensinado a ter vergonha de dizer o que realmente tenho a dizer; então não digo e deixo as circunstâncias serem este ciclo.

Aí...
bem...
me calo.
Sei calar-me bem.

Quando não deveria,
claro.

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