terça-feira, 27 de março de 2012

Cartas D'ócio, capítulo 2, parte 1



Eu estava andando pela rua; eu estava estrangeiro, e eu havia, porém, verdadeiramente nascido naquelas ruas.
Eu não sabia mais os buracos, os percalços, o ritmo de atravessar ruas lotadas de carros apressados. Eu sabia tão bem atravessar a rua... Eu sabia tão bem em que cada meio-fio confiar um equilibrista extrovertido ao me mostrar aos amigos e chamar atenção para meu ego.
Eu não sabia era do finito,
que tropeço era calo,
que queda era tombo de fazer as pernas fraquejarem ao novo levante, e que cada calo ainda voltava a doer a cada esforço. E que cada calo permanecia, e doía.
Eu não sabia que ritmo a gente vai perdendo com a sempre mesmo dança. E que, Deus...
como cansa!
Eu estava em maratona do sempre mesmo discurso.
Eu estava, como agora há pouco eu estava andando pela rua. Como agora há pouco os faróis anunciavam o clarão do fim do túnel - como agora me mentiam uma verdade absoluta.
Agora estou.

Agora pertenço nem que seja à esquina de mim mesmo.

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