sábado, 13 de setembro de 2008

Biografia do ser humano

Ser humano é complicado;
trás muita implicação, dá muito trabalho.
Esquecem que Humano é espécie,
e não uma espécie de igualdade para a Bondade.
Esquecem que hipocrisia e compaixão andam agarradas, de mãos dadas!
A hipocrisia dizendo que tá tudo bem,
a hipocrisia dizendo: "tá tudo fine, meu bem".
Pois bem! A compaixão também!

O Ser Humano tá instigado a ser demasiado,
mais que palavriado, muito mais que o além do certo e errado.
Esquece que é bicho, e não só gente.
O Ser Humano tá destinado a um destino insolente,
e isso não me surpreende!

Um dia a gente aprende, um dia a gente, quem sabe, venha a aprender. Nem sei. As ruas à noite são diferentes, mas melhores. Piores, quem sabe; mas melhores para mim. Gosto do piso e asfalto molhado da humidade do frio. Gosto de estar bem agasalhado, com o frio condensando o ar expirado pelo nariz e pela boca de alguém como eu. Daquela meia luz, que ninguém mal se entende; e das surpresas nos rostos que às vezes penso ser femininos, ou bonitos. Gosto de andar. Gosto das putas baratas quando to sem dinheiro, e das caras quando quero mentir nomes para mim mesmo. Eu gosto do meu jeito à noite. De dia sou sacal, cheio das responsabilidades enfiadas.
Mas à noite não. À noite sou espião de mim mesmo em busca daquelas coisas que todos buscam, mas que buscam em lugares errados. Eu sou sincero comigo mesmo, por isso sou certeiro. Nunca saiu pela culatra, e por isso nunca entendi o Rei e o Maestro. Desesperados, pobres. Se para mim não dá certo, parto para a próxima sem drama. Eles não, ficam nessa cheia de blás sem parar. Confesso que estava um pouco cansado, já estavam sugando a minha energia mais do que eu mesmo tinha. Estar em casa nunca foi realmente tão divertido quanto voltar para ela. Gosto da rua à noite; tem pouco, mas tem movimento. Um movimento por vezes sinistro, com injeções de adrenalina por vez ou outra. Por isso gosto, também. A casa está sempre parada e vazia, e só tem algo para comer quando trago da rua. Da rua à noite ou de dia, tanto faz; é basicamente tudo comida.
Gosto da noite, e graças a Deus ainda nem duas da manhã são.

Um comentário:

Don disse...

O grande problema no 'humano' não está na sua humanidade propriamente dita eu diria, mas sim, em ser. Ser pleno, apenas. Simplesmente ser, sem nem mesmo se esforçar. Espontaniedade e liberdade absoluta é o problema, quando preocupam-se mais em aparentar e não, como dito, ser.

acho.

Belíssimo post (: