terça-feira, 30 de setembro de 2008

Biografia da Carta

Agora é a hora de tentar inovar,
mas inovo tanto, tantos dias,
que me deixo tonto por tanto tentar enganar o que nunca,
nada vai mudar: alguém que quer ser o que é, nenhum remédio vai curar.
Alguém que é o que é, parece até fantasia;
e pena que o é. Mas agora é hora de tentar inovar,
numa hora em que nem me acostumei com o novo que criei. Vai entender. Vai, entende;

E era tudo.
Só soube de quem pelo remetente. Nem disse onde está. Nem quão bem. Por mais que não parecesse realmente bem.
Nem sei mais que horas são, esperava ficar horas lendo e relendo a carta que eu esperava que fosse imensa; de tantas e tantas páginas, como cartas de pessoas que estão longe. Foi tão curta que reli umas cinco vezes em menos de seis minutos, provavelmente.

Levantou-se da cama, espriguiçou-se. Pegou a carta, dobrou em duas, quatro vezes menor o seu tamanho; colocou-a no bolso de trás de um jeans suspeito. Foi á cozinha e cozinhou sua comida de solteiro - da qual nem comento, pois não quero tirar a fome de ninguém,
pois não era bom cozinheiro. Maestro fazia falta.
Já estava ficando tarde, provavelmente.
Já nem sabia quão rápido o tempo poderia passar.

Nenhum comentário: