domingo, 9 de novembro de 2008

Biografia do mantra.

- A vida é bela, a vida é bela! - me dizia Seu Pedro.
- É, é isso aí - forcei o meu astral borocochô a um sorriso. Nunca se sabe.
Peguei a sacolinha da manhã e fui-me à casa.
"A vida é bela", ficou na minha cabeça enquanto o banho quente de pelar brincava de queimar. Fico imaginando se seria um fato ou algum mantra irresponsável e desesperado. "A vida é bela", me diziam sempre. Sempre, depois, forçava algum sorriso brochante na expectativa de tentar confortar o próximo que, em algum ato egoísta e desnecessário para o dia "X", ainda me retribuía com um olhar calmo, generoso, quase como me dizendo: "Qualquer coisa estou aí".
Que coisa é essa de fingir? "A vida é bela". Que coisa é essa de se negar a realidade? "A vida é bela". Que coisa é essa de... "A vida...".
Minha pressão já estava nos pés. Saí e segui a rotina como ela deveria ter que ser.

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