quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Biografia S

Existe um longe abismo entre ser feliz e estar acomodado. Ser feliz é sorrir, estar acomodado é sorrir ainda assim; eu sei. Ser feliz é ver televisão e ser feliz, estar acomodado é ver televisão e... é isso aí.
Ser feliz é enlouquecer, pegar o seu carro, encher o tanque, encher o porta-malas, atirar-se em algum lugar e pronto! Ser feliz!
Estar acomodado é fazer tudo isso e pensar - que merda, tem muito sol. Ou que está chovendo. Ou que está nublado. Ou que anoiteceu.
Ser
e
Estar. Ser, estar. Estar, ser. Serestar.

Deixei a janela aberta para entrar muito, muito vento. Muito vento mesmo! Queria tirar o cheiro da cidade grande. O som das buzinas estavam impregnadas nos bancos de couro. A fumaça negra impregnada nos espelhos. Encrostada no espelho.
Apesar das teorias, nunca pus em prática a idéia de que eu realmente poderia estar levando uma vida meramente satisfatória. Aquela conectividade com o seu Eu, aquela sensação de "epa, tem algo errado aqui". Não é querer reclamar do excesso de momentos tranquilos. É só o saber que tranquilidade não é felicidade.
Não sabia o que Canastra e Maestro pensariam do seu blackout, e tampouco lhe preocupava agora. Havia saído da cidade à horas, apenas.
Pensou em muitos lugares a que visitar, muitas lembraças a resgatar. Uma vida a se lembrar, a se voltar para. Havia para onde voltar.
Queria apenas esquecer as novidades e viajar de volta para alguma época feliz de sua vida. E depois voltar para o trabalho, suas férias não seriam para sempre. À partir de agora Rei teria apenas 713 horas e 23 minutos para a volta para sua real casa.
A cidade grande, grande cidade pequena, onde todos se encontravam e poucos se viam ainda residia ao sul, ainda tinha rastros de propagandas, ainda possuía a sua marca.
- Tenho de mandar um cartão aos dois - pensou. E seguiu,

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