I
A madrugada estava mais calma que o normal. Três horas e alguns vinte e sete minutos, quando eu vi o relógio pela ultima vez. A chuva fina transformava o asfalto da Beira-Mar em espelho e o céu em espetáculo dançante. O vento balançava o cachecol preto enrolado em meu pescoço, e minha toca preta prendia meus cabelos médio-tamanho; no meu bolso apenas um de meus vícios, o maldito celular – que não fugia da regra de tudo que carregava e contei até aqui, preto, assim como meu tênis. O blusão verde me aquecia do frio e minha tranqüilidade esquentava minha alma. De barulho apenas o assovio do vento, os pouquíssimos carros passeantes à procura de prazer, e meus passos.
Pensar mesmo estava cansado, apenas observava atentamente as poucas e pequenas coisas que aconteciam em minha volta, a tal dança da chuva, os tais carros, os tais passos meus. Andava acompanhado apenas da calma - onde até mesmo as estrelas esconderam-se em descanso – e os ratos de rua. Hora ou outra me lembrava de hoje, de ontem, de um ano atrás. Não era o momento de refletir e fechar livros que já tinham sido lidos – por mim e por todos à minha volta – 400 dias sem parar. Não era o momento para absolutamente nada. Era eu, a calma, os ratos, a chuva.
II
A chuva tornou-se torrencial em certo momento, próximo da metade do caminho de volta. Procurei o primeiro ponto de ônibus coberto e me sentei. Minha bexiga estava explodindo e, como raramente faço, deixei-me ao ar livre e ali mesmo desagüei, e que bom foi! Na vida poucas coisas equivalem-se a mijar quando se precisa mijar. Na verdade, na vida raramente vou encontrar algo que me traga mais sincero gozo que fazer algo quando estou com muita vontade de fazer. Ali, um exemplo.
Que bom foi descansar ao som das gotas encontrando o teto de PVC – ou do que quer que seja feito – do ponto.
Que bom foi tomar a decisão do silêncio e da caminhada. O quão bom é difícil me fazer entender aos que não conhecem ou não compreendem a caminhada de, exatamente, mais de ano. Coloque sua história mais intensa e cansativa em pauta, sinta-se onde estive, sente-se onde estou, descanse.
Entendeu, agora?
III
Levantei-me e aproveitei a estiada. Entender a chuva em que você está se molhando é muito útil em situação como essa. Você pode prever quando pode estar debaixo dela ou protegido. Algumas chuvas ensopam a alma, tornam-na pesada; algumas apenas a refrescam, a lavam, a rejuvenescem.
IV
Entrei em casa, despi-me das roupas extras, e assim que me sentei em frente à televisão, veio a chuva pesada. Pareceu-me um bom momento para ouvir uma boa música e escrever sobre.
A madrugada estava mais calma que o normal. Três horas e alguns vinte e sete minutos, quando eu vi o relógio pela ultima vez. A chuva fina transformava o asfalto da Beira-Mar em espelho e o céu em espetáculo dançante. O vento balançava o cachecol preto enrolado em meu pescoço, e minha toca preta prendia meus cabelos médio-tamanho; no meu bolso apenas um de meus vícios, o maldito celular – que não fugia da regra de tudo que carregava e contei até aqui, preto, assim como meu tênis. O blusão verde me aquecia do frio e minha tranqüilidade esquentava minha alma. De barulho apenas o assovio do vento, os pouquíssimos carros passeantes à procura de prazer, e meus passos.
Pensar mesmo estava cansado, apenas observava atentamente as poucas e pequenas coisas que aconteciam em minha volta, a tal dança da chuva, os tais carros, os tais passos meus. Andava acompanhado apenas da calma - onde até mesmo as estrelas esconderam-se em descanso – e os ratos de rua. Hora ou outra me lembrava de hoje, de ontem, de um ano atrás. Não era o momento de refletir e fechar livros que já tinham sido lidos – por mim e por todos à minha volta – 400 dias sem parar. Não era o momento para absolutamente nada. Era eu, a calma, os ratos, a chuva.
II
A chuva tornou-se torrencial em certo momento, próximo da metade do caminho de volta. Procurei o primeiro ponto de ônibus coberto e me sentei. Minha bexiga estava explodindo e, como raramente faço, deixei-me ao ar livre e ali mesmo desagüei, e que bom foi! Na vida poucas coisas equivalem-se a mijar quando se precisa mijar. Na verdade, na vida raramente vou encontrar algo que me traga mais sincero gozo que fazer algo quando estou com muita vontade de fazer. Ali, um exemplo.
Que bom foi descansar ao som das gotas encontrando o teto de PVC – ou do que quer que seja feito – do ponto.
Que bom foi tomar a decisão do silêncio e da caminhada. O quão bom é difícil me fazer entender aos que não conhecem ou não compreendem a caminhada de, exatamente, mais de ano. Coloque sua história mais intensa e cansativa em pauta, sinta-se onde estive, sente-se onde estou, descanse.
Entendeu, agora?
III
Levantei-me e aproveitei a estiada. Entender a chuva em que você está se molhando é muito útil em situação como essa. Você pode prever quando pode estar debaixo dela ou protegido. Algumas chuvas ensopam a alma, tornam-na pesada; algumas apenas a refrescam, a lavam, a rejuvenescem.
IV
Entrei em casa, despi-me das roupas extras, e assim que me sentei em frente à televisão, veio a chuva pesada. Pareceu-me um bom momento para ouvir uma boa música e escrever sobre.
Um comentário:
As chuvas, coincidem com as circunstâncias do nosso cotidiano
;)
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