domingo, 15 de janeiro de 2012

Cartas póstumas de Canastra, capítulo 1, parte 3


15:22
São bons esses dias de sentar perto da porta e ouvir o córrego cheio correr enquanto a brisa teima e brinca de implicar com meus cabelos. A porta range de tempo em tempo.

15:48
Céu azul vestiu-se de cinza.
Brisa transformou-se em vendaval.
Rio calmo: mar em fúria.
Ranger de portas: uma porta fechada. E mais outra, a do banheiro. E não demorará muito tempo para também a do quarto.
Estava tudo calmo demais; de fazer santo desconfiar. Acontece que já me chamaram de tudo na vida, mas homem nenhum ousou ter a coragem de me achar santificado. Não desconfiei.

15:52
e já não possuo
em conclusão destes efeitos climáticos
o que dizer
ou o que fazer:
se dou minha caminhada e arrisco banho de chuva
ou se arrisco trancar-me em casa e me dou
sem pena
sem trena de medir
se 8
ou 80
o tamanho disto que,
desconfio,
ser algo comparado a mesquinho destino.

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