quinta-feira, 11 de março de 2010

D'outro

Quando te ví pela segunda vez
nada mais era tão puro
nas ruas nada conseguia não ser tua

Quando te ví pela última vez
nada mais era tão crua
e nas ruas eram apenas pessoas correndo da torrente de chuvas

Ainda lembro da primeira vez
sem nome ou rosto ou corpo
sem tensão ou assombros ou ignorância
trocamos meia conversa sem nem saber a resposta
pela simplicidade da ocasião
e ríamos por vontade, não por motivos
e queríamos ainda os sonhos que nem sabíamos quais eram
um do outro
e que seríamos do outro

Queria eu saber do final
aí entenderia que bem ou mal
me lembraria da primeira,
da segunda vez;
aí entenderia que não existe como haver um se não
nada mais é um coração se não
isto:
d'outro.

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