Saudades de quando haviam todas aquelas possibilidades, todas aquelas conquistas; de quando, na juventude, tudo o que se esperava da vida era a juventude eterna. Hoje já bem se sabe que nada é nada disso e tudo que sempre nos imaginávamos ser era apenas uma visão romântica e tosca da vida real. A vida real... ah, a vida real... esta realidade castra e poluída, e voraz e intermitente de afazeres e deveres e nada mais que o sustento próprio e de alguns erros noturnos.
Não entendo. Não entendo onde foi parar todo aquele amor que sentia por todas aquelas que passavam e deixavam a sua saia esvoaçar em sua plena vontade de fazê-la, a saia, dançar - mesmo que nos dias mais mornos e pacatos. É isto, é esta a vontade que me falta, afinal: deixar-me deixar-me explodir a explosão de tudo que já pouco me importa, ou que me importa coisa nenhuma. Ou as quais me importo mas pouco me trazem importância; e não que queira eu alguma espécie de importância além desta que já tenho para mim mesmo, quero importância para ti, talvez.
Quero um sinal aberto, nesta volta pra casa.
Quero que pares de falar de seus problemas a meu lado.
Quero que olhes, digas, vejas e me permita a resposta que tanto quero responder; e não me pergunte qual pergunta, me pergunte e aí se dará a sua e a minha surpresa. Tampouco sei eu o que dizer depois. Sei do teu cinto de segurança preso em teu ventre e entre teus seios, e de nossas duas crianças brigando e nos chamando há alguns minutos; sei da tua falta de paciência agora e sei do meu silêncio improvável, que este improvável momento nunca nos esperou para ser o que é. Nunca esperou para mostrar sua cara, e nossa cara para o outro.
Talvez tenha durado pouco. O nosso momento perfeito, digo; talvez tenha durado muito pouco, por isso nem percebemos que já existiu, nem nos lembramos.
Me pergunto: te deixo onde queres ou insisto?
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