domingo, 13 de abril de 2008

Biografia da relatividade, parte 1.

A frigideira, santa frigideira, fritava, mais uma santa vez, os malditos camarões à milanesa.
- Por que raios as pessoas pedem tanto disso? Nunca vi disso!
- Que foi, homem? Pára de reclamar que vai queimar tudo aí!
Já passava das três horas da tarde e uma família pós-praia sentia-se faminta. O primeiro lugar que viram foi o comum restaurante "Três Pescados", herói de tal historieta.
- Mas ja passa das três da tarde, oxa!
- Disse, não disse? Disse pra tí fechar... mas não! Agora faz tudinho tu, tudinho. Vou lá atender.
E foi, deixando 54 anos, sendo 15 de cozinha, sozinhos. Pior: sozinhos com a sogra.
- Boa tarde! Bem-vindos, já escolheram a bebida? - sorrindo, como que fosse morder.
- Boa tarde - responderam os quatro. Então, vamos querer uma cervejinha, que tu tens aí? - perguntou o pai.
- A gente tem só Skol e Brahma - já sabendo a reação.
- Bá, então me vê uma Skol mesmo.
Acertara.
- E uma guaraná para as crianças - comentou, rapidamente, a mãe.
Seus filhos de dezenove e dezessete anos logo pensaram, mutuamente: "Crianças? Mal sabe..."
- Ok então, vou ali buscar rapidinho.
- Claro!
Entrou na cozinha, soltando labaredas.
- Ainda bem que não tivemos filhos, não queria ser tão estúpida quanto a morena aí.
- Morena?
A mulher olhou-o com olhar mortal, e o homem voltou a fritar os camarões.
- Calma mulher.
- Calma?
- É, oxa. - ainda olhando para os camarões.
A mulher relaxou. Não sabia porquê de tanta exaltação. E nem podia por culpa na TPM!
- A salada tá pronta - disse a sogra, rindo-se do casal.
A mulher levou.
- Olha uma saladinha para ir matando a fome! - dizia, enquanto deixava o prato na mesa.
- Bá, brigada guria, tava com uma fome que tu nem imagina!
- É, fome de praia não é mole não - comentava o pai. E me ve mais uma?
- Claro! Já volto já!
- Aiai... como é bom uma férias. Não aguentava mais o trabalho. - arriscava a esposa.
- É, eu também. Aquele escritório tava me matando!
- Realmente, férias super animadas. - disseram os dezessete.
- Capaz, tem a praia deserta! - brincou os dezenove.
Os pais ignoraram, era coisa da idade...

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